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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Fique por Dentro!#%: Biografias





M.C. Escher

Maurits Cornelius Escher, (* 17 de Junho de 1898 – † 27 de Março de 1972), chamado mais frequentemente pelo pai como M.C., foi um garoto normal, ao menos até o acidente. Nascido no dia do meu aniversário, só que no ano de 1898, portanto 85 anos antes, Maurits se preocupava em levar uma vida em paz e bater um papo com seus amiguinhos via MSN. Como todos, migrou para o Facebook e ali descobriu um novo mundo, mas isso não vem ao caso. Maurits não gostava de ser chamado de M.C. Achava a ideia péssima. Mais ainda, por ter sido coisa do pai, que imaginava que o garoto despontaria na vanguarda das músicas com batidas fortes e conteúdo sócio-sexo-autoelegístico. Mas o destino tinha planos diferentes para o franzino menino da periferia holandesa. Após um começo escolar nada brilhante, seu pai tentou a última cartada, inscrevendo-o na Escola de Arquitetura e Artes Decorativas, no Haarlem, escola reconhecida por ser frequentada apenas pelos negões mais sagazes de Maanhaataan, o maior bairro dos Five Boroughs holandeses.

1. Escher em 1919, ano em que
entrou para a escola de artes.


 (Fonte: Caderneta do curso)

      A decisão do pai só serviu para piorar a relação pai-filho. Escher não conseguiu se adaptar à realidade cromática da escola e se viu em maus lençóis ao tentar esconder sua já longa franja emo, vista acima na imagem 1 penteada para cima em forma de topete, seu disfarce mais usual. À época, Maurits se viu invadido pela qualidade de bandas atuais que influenciariam mais tarde em seu trabalho. Seu iPod vivia em loop contínuo com as bandas Herstarten, NX-Nul, Eenvoudig Plan e a atual fase do Groen Dag. Maurits ia mal nos estudos, pois sempre corria para o banheiro chorar ao ser chamado por seus colegas de M.C. Certa feita, nosso querido mancebo chegou a publicar um vídeo no Jetube onde dizia ser tudo uma “puta falta de sletterig”. Por sorte seus amigos de cor não tiveram acesso ao vídeo. Percebendo seu fracasso nos estudos e de que havia aprendido apenas a chorar no canto, pintar as unhas das mãos e a fazer xilogravuras e litografias, Mauritz volta para casa arrasado. Ao vê-lo nesta situação o pai tenta alegrá-lo dando-lhe um belo relógio de parede que deveria ser usado no pescoço e pede, entregando-lhe um microfone, que o menino trabalhe uma base no freestile, o que faz com que o rapaz tenha um faniquito daqueles e fuja para a Itália.



2. Paisagem de Castrovalva, 1930, quando no exílio.

(FONTE: Museu Escher in het Paleis, Holanda)

       Na Itália, Maurits tem sua primeira fase de produção artística. Trabalha com dedicação e, acima de tudo, longe dos problemas oriundos da convivência com o pai. Chega, inclusive, a não se chatear muito com a descarga da bateria de seu iPod, concentrando-se apenas em sua produção e no grupo de teatro amador-itinerante  que passa a frequentar. Maurits trabalha com afinco nas duas únicas técnicas adquiridas no Haarlem e nos apresenta esta paisagem retratando a bela região de Castrovalva. Maurits possuia uma certa predileção por ambientes perigosos, como o ponto de vista desta produção pode comprovar. Aqui, ele visualiza dois planos a partir de um plano intermediário. Críticos de sua obra apontam que nesta obra já podemos perceber uma exteriorização do momento de vida do pequeno Maurits. Ele está no meio, tendo acima o panteão dos bons rappers, todos em suas candy shops procurando por mulheres que lhes chupem os lollypops, panteão este inalcançável para o franzino rapaz. Abaixo vemos uma cidadezinha distante, representativa aqui do lar abandonado, cada vez mais distante e menor. O artista se encontra no caminho do meio, admitindo assim sua incapacidade em rimar, mas também a impossibilidade da volta. Ele percebe que o caminho é uno e íngreme, mas o reconhece como seu, respira fundo e segue em frente. Porém, dizem os críticos, prevê a própria queda, que é realmente o que acontece. Após fazer anotações para a produção da xilogravura acima, Maurits segue desenho adentro, escorregando às margens do caminho, cai e bate fortemente com a cabeça, o que explicará, segundo os críticos, sua fase mais famosa.



3. Belvedere, 1958, Litografia.

(FONTE: Museu Escher in het
Paleis, Holanda)

           Após ter acordado com alguns problemas de memória e ser adotado por uma mãe lobo, Maurits se reinsere na sociedade ao aprender a conviver com seus irmãos lobo e, após ter recuperado as forças com o leite lupino-materno, volta à estrada. Mas apesar de já ter sua memória um pouco mais organizada, alguma coisa mudou em nosso mal-aventurado mancebo. Suas capacidades artísticas se mantém inabaladas, mas ele nunca mais voltou a produzir como antes. Havia sempre um quê de diferente, um detalhe, um pequeno erro, que foi o que fez com que o inseguro emo do Haarlem se tornasse o mestre da perspectiva (e do engano). Analisemos a Litografia Belvedere, primeira produção após o acidente. Nesta produção nos deparamos com uma representação bastante realista de um “coreto”. A estrutura possui dois andares, sendo o segundo apoiado no primeiro. É uma realização maravilhosa e não espanta a ninguém, certo? Não! Abrindo os olhos passamos a perceber o que há de errado com a cabeça deste nosso mininu. O segundo andar não se encontra na mesma direção do primeiro, sendo, portanto, impossível que nele se apoiasse. A escada de madeira evidencia muito bem a distorção. Além disso, é engraçado ver como as pilastras que sustentam o segundo patamar se entrelaçam, num jogo de ilusão maravilhoso. Ou melhor, medonho. Maravilhoso seria se Maurits tivesse aqui alguma ideia do que estava fazendo. O artista apenas tentou reproduzir uma estrutura que encontrou em suas andanças, mas acabou fazendo estas “ilusões” de forma acidental. Quando questionado a razão pela qual ele havia feito um quadro tão realista, mas com “defeitos” tão grotescos, Maurits se recusou a assumir os defeitos. Relatos de amigos afirmam que ele chegou a refazer a litografia por mais de cinquenta vezes, tendo todas elas apresentado o mesmo problema. Quando finalmente reconheceu de que realmente nunca mais seria capaz de pintar a natureza como ela era, Maurits resolve desenhar a si mesmo como prisioneiro abaixo da estrutura e resolve mudar seu nome de vez para Escher. Pobre rapaz!



4. Mão com esfera, 1935, Litografia.

(FONTE: Museu Escher in het
Paleis, Holanda)

          Mais velho, porém antes no tempo, (esta produção data de 1935), Maurits, ops, Escher, passa a se dedicar mais ao teatro itinerante e suas produções vêm a tematisar as peças das quais participa. Acima temos suas reflexões (piadinha não-intencional) sobre seu papel em Hamlet, de William Shakespeare. Segundo Maurits, ops, Escher, não há aqui nenhum “defeito” como os presentes nas produções ante-posteriores (a linha do tempo tende a se contorcer quando falamos de Escher). Segundo ele, vemos aqui de forma perfeita e completa seu reflexo na esfera enquanto sua boca visivelmente pronuncia a fala: “Bestaan of niet bestaan, dat moet je je afvragen”. Pseudo-psico-lógos-nalíticos dizem, porém, que nesta fala tão emblemática encontra-se a busca do artista por uma definição de si. E a auto-definição, tema que ocupava Escher desde sua recente mudança de nome, é aqui representada pelo reflexo da esfera. Escher é o que possui. Em resumo, os objetos refletidos pela esfera, mesmo que deformados, estes objetos são o artista que é o que é e não o que não é. Mas onde fica a questão? Simples, onde foi parar o relógio de parede presenteado pelo pai? Escher nunca respondeu à esta vraag

5. Escher já velho após participação em Dom Quixote de La Mancha,
apresentado por sua companhia de teatro amador-itinerante.

(FONTE: Algum site aí com ajuda do Google imagens)
Por se tratar de uma curta biografia, e, portanto, completamente adequada para você que não quer estudar ou ler algo de verdade para fazer aquele trabalho da aula de artes, não cuidaremos aqui de todas as obras produzidas pelo anjo do cérebro torto. Não falaremos, portanto, da obra em que o espelho serve, em sua proximidade de espelho mesmo, mas depois como janela, mostrando assim a rua. Também não falaremos da imagem onde uma coruja é vista de três perspectivas diferentes, sendo elas a perspectiva do vôo da águia, a perspectiva do sapo e seu próprio perfil. Não seríamos loucos em falar da obra em que a mesma cena é reproduzida ainda por duas perspectivas, sendo elas as mesmas supracitadas. De forma alguma teria aqui espaço para a obra onde a escada sobe e desce ao mesmo tempo, ao som de um funk brabo do tipo “desce e sobre, desce e sobe, agora quebra de ladinho”.                                                        
Como tudo que é bom tem um fim, queremos agora falar da apresentação de Escher no papel de Dom Quixote com sua companhia de teatro. Escher diz que, como Quixote, luta contra gigantes. Gigantes estes que sopram como moinhos em sua cabeça e faz com que suas produções nunca mais reflitam a real realidade do mundo, Platão-style. Na imagem ele posa recomposto após suas trapalhadas ao lado de Sancho e obviamente imagina como sua vida seria diferente caso tivesse seguido os conselhos do já falecido pai. Antes de morrer, M.C. (ele pediu que ao menos aqui fosse chamado assim, por homenagem ao sonho do seu velho) ainda foi capaz de olhar bem fundo nos olhos da morte, convidá-la para um xadrez e perder, por tentar usar três perspectivas distintas em um único jogo. Ficamos por aqui com a imagem que remonta o encontro entre nosso intrépido herói e a morte. À todos, uma boa noite!


6. Olho, 1946 

(FONTE: Tá bom, eu peguei tudo do Google Imagens mesmo)

P.S.: O autor gostaria de recomendar a exposição O Mundo Mágico de Escher, de 18 de janeiro a 27 de março no CCBB Rio de Janeiro. 

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Funcionamento de terça a domingo, das 9h às 21h.




O autor desta postagem sem dúvida alguma é dentronense, mas desta vez resolveu se dar o crédito. Fui Heu!!







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