É sempre a mesma história. Você chama alguém de “amarelo” e em troca é atacado por olhares irados. Segunda ocasião: Praticamente a mesma situação. Você chama o rapaz de afro-brasileiro, termo correto, corrente e digno que visa corrigir em 15 caracteres (imagina o poder que um Twitter não tem) todas as injustiças históricas sofridas por este distinto grupo de nossa sociedade. Cheio de politicamentecorretice, você sorri, sabendo que está fazendo ali justiça com a própria língua (no caso aqui a parole, a langue em ação, e não o que você está pensando), e você recebe, adivinhe você... mais olhares irados, desta vez com o comentário: “Pará de demagogice! O bagulho aqui é 100% preto!” Preto é cor, negro é raça! Poodle também é raça, mas este costuma ser branquinho. Tem grana não tem cor, é pobre vira preto. Existe solução para o conflito de castas?
Pensando nisso a ABraPICA (Associação Brasileira de Palhaços Indiferentes aos Comentário Ácidos) lançou a campanha que visa pôr um fim ao preconceito dirigido ao preconceito. A associação distribuiu pela cidade, especialmente em regiões frequentadas majoritariamente por crianças, bonecos que visam ilustrar o real comportamento que as pessoas que sofrem qualquer tipo de preconceito devem ter. Segundo a Palhaça Carequinha-Patata, presidentea da ABraPICA, os locais foram escolhidos por ser reconhecida a influência positiva da campanha em crianças, aproveitando o visual do palhaço e o fato delas representarem nosso futuro. Perguntada se não seria melhor inventar uma outra palavra que retomasse a dignidade aos preconceituosos, algo como "pessoa-contrária-ao-senso-comum-e-incapaz-de-digerir-os-princípios-de-bondade-das-produções-Disney”, Patatinha, como é chamada pelos amigos de picadeiro, chamou atenção para o ridículo de se buscar ações apenas no campo da fala, além do fato do termo ser por demais extenso para a fala corriqueira. Ela acredita que a verdadeira ação está no fazer e sugere que, a cada demonstração irracional de preconceito, que a vítima do mesmo não se deixe ofender. Segundo a idealizadora do projeto, a vítima do comentário mordaz não deve se abalar e baixar ao mesmo nível do ofendedor. O correto nestes momentos, segundo pesquisas de institutos muito importantes cujos nomes ela não se lembra, é fazer de seus olhos cruz, como os peixinhos mortos dos desenhos animados. A vítima deve também sorrir um sorriso muitíssimo dos abertos e, acima de tudo, permitir que lhe seja enfiado goela abaixo qualquer lixinho que o ofendedor tiver em mãos. Segue a imagem de um dos palhaços-propaganda da campanha.
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